10 de fevereiro de 2012

Saudade ( primeiro gole)


SONETO I

Saudade, mais uma vez num poema.
As velhas cartas com o mesmo laço.
Mas nunca o mesmo sol: a estrela suprema,
Quanto mais eu viver longe do teu abraço,

Quanto mais da tua voz nesse espaço
Que contra a minha lembrança rema
Eu só faço parecer o que não faço
Mas te faço parecer a minha dor extrema

É que na tua ausência me tornei monge
E vivo amando a tua imagem linda e terna
No meu mosteiro de saudade muito longe.

Eu nunca quis padecer como os abrolhos,
Nunca padecer com essa tristeza eterna,
Nunca viver mais distante dos teus olhos.

SONETO AO EXEMPLO
(Homenagem a Profª Ms. Shenna Luissa Mota Rocha de Lit. Port. em 31.01.12 na UFPI)

  Diante de seus olhos é vária a idade
No silêncio ideal que sua voz requesta.
Em sala, o modo como o conhecimento nos presta
Da sua enorme competência, nos persuade.

Sua atenção a qualquer dúvida atesta
O quanto põe, ao que faz, amor e vontade.
Quem de nós ao ouvi- la e vê-la, mestra,
Não lembrará, depois de tudo, a saudade?

Será como as flores de Arcimboldo na memória;
Harmônicas músicas que a lágrima fulgura;
  Esse gostar de escritores esquecidos na história...

Neste soneto, mesmo que mínguem os espaços
Nem a todo custo conterão depois da leitura
A enorme força que lhe causará todos os abraços!

SONETO II

Os ígneos sonhos, o ecoar da lira.
Tudo quer quem o nobre amor procura:
Um trecho da aurora, uma casta alvura
De um vasto céu ou uma luz que não se vira.

Pobre quem recolhe a falsa mentira
Na boca que um dúbio poeta murmura.
Que fará da certa alegria futura
Quando só a viva solidão suspira?

O amor nem só de glória se descreve
A alma que muito ama, os males compreende
Como uma nuvem a passar de leve.

Eu, porém, não me engano ou me falseio
Tenho um amor que o cuidado me prende
E uma saudade que me corta ao meio.

 


Um comentário:

  1. É muito bom, Barroso, reler e sentir mais uma vez essa emoção. Obrigada pelas palavras e pela consideração.

    Um abraço forte!

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