JÔNATAS BATISTA
Um dos dez fundadores da Academia Piauiense de Letras. Foi poeta, teatrólogo, jornalista e conferencista. Nasceu no povoado Natal, hoje, município de Monsenhor Gil em dezoito de abril de 1885. Foi autodidata, pouco frequentou a escola por necessidade de trabalhar, mas tinha o espírito das letras e se tornou uma das figuras célebres da intelectualidade piauiense.
Jônatas Batista foi importante para o desenvolvimento da cultura teatral em Teresina, escreveu diversas peças, quase todas apresentadas no teatro Quatro de Setembro, pertenceu à sociedade de Autores Teatrais do Rio de Janeiro.
Como poeta publicou SINCELOS (1908), ALMA SEM RUMO (1934) e diversas outras obras, incluindo inéditas. No livro Poesia e prosa feito através do Projeto Petrônio Portela em 1985, Celso Pinheiro Filho (biografia e sonetos em breve) reuniu uma coletânea de poemas, sonetos, peças teatrais e vários contos do ilustre poeta.
Olhando muitos de seus sonetos é visível uma atmosfera triste, sombria, saudosa e pessimista.
ALGUNS SONETOS
CONFORTO
Venho da pátria divinal do Sonho,
Onde impera vaidosa a fantasia;
Ouvi do amor, em êxtase, risonho,
A voz e o canto, a doce melodia.
Trago uma esperança |
Vi castelos erguidos, e suponho
Que alí nunca se viu, nem se avalia
O que seja o pesar negro e tristonho,
Quando a crença vacila e se entibia!
Vi sorrisos gentis; vi maravilhas;
Vi da terra, feliz, formosas filhas,
E de tudo que vi tenho lembranças.
Volvo agora saudoso; mas que importa,
Se ainda trago comigo, e me conforta
Uma crença bem viva, uma Esperança!...
TERRA INFECUNDA
Terra infecunda e má!...Terra doente e cansada,
Sem gorjeio feliz, sem perfume e sem flor...
Esquecida do céu, tristonha, abandonada,
Sem carícias de luz, sem cantigas de amor.
Terra no escuro pó sacudida e atirada,
Num castigo brutal de impiedade e de horror...
Terra sem fronde verde ou sombra alcatifada
Onde repousa a fronte inquieto sonhador...
Esquecida do céu, tristonha, abandonada,
Sem carícias de luz, sem cantigas de amor.
Terra no escuro pó sacudida e atirada,
Num castigo brutal de impiedade e de horror...
Terra sem fronde verde ou sombra alcatifada
Onde repousa a fronte inquieto sonhador...
Onde campeia o mal, onde o bem não se aclima,
Onde a crença pragueja, onde a maldade impera
E a rasteira ambição tudo mata e dizima...
Terra infecunda e má!...Se eu fosse Deus, faria
Reflorir do teu seio a eterna primavera,
No perpétuo esplendor da perpétua alegria!...
Onde a crença pragueja, onde a maldade impera
E a rasteira ambição tudo mata e dizima...
Terra infecunda e má!...Se eu fosse Deus, faria
Reflorir do teu seio a eterna primavera,
No perpétuo esplendor da perpétua alegria!...
Escrevo para vós, almas tristes, vencidas,
Exaustas de sofrer e de viver cansadas;
Ermas de sonho e fé, sem destino, perdidas
Num pesadelo atroz de esperanças finadas.
São múrmuras canções; são rimas repetidas,
Pelas vozes do vento às praias atiradas...
Escrevo- as para vós, almas desiludidas,
Prisioneiras da sombra, eternas torturadas.
Para vós, para vós, ó corações descrentes!
Os versos que escrevi nas horas de amarguras,
Os versos que eu tracei, em trínulos gementes...
Fi- los por mim, por vós... Por todo aquele que erra,
Perdidamente, só, nas planícies escuras,
Pelas noites sem fim das vastidões da terra...
PARA VENCER
Homem, fito de frente o rosto da desgraça
E não me acurvo nunca aos embates da sorte.
Enfrento, sem temor, o temporal que passa,
Sorrindo com prazer dos esgares da morte.
Aprumo- me no solo em destemido porte,
Sem desmentir jamais as tradições da raça...
Arrojo- me, sem medo, ao mais rijo, ao mais forte,
Envolto o veja, embora, em rígida couraça.
Volto agora cansado e exangue...
Para que o mal de crer duro me puna,
Rebenta-se-me o peito em fel e em sangue...
Consola- me dos fados a clemência:
- Se me encontro mais pobre de fortuna,
Muito mais rico sou de experiência.
Saudações quem aqui posta e quem aqui visita.
ResponderExcluirÉ uma mensagem “ctrl V + ctrl C”, mas a causa é nobre.
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Fred Caju